AGROTÓXICOS E PROJETO DE LEI N. 6.299/2002: RETROCESSO AGROAMBIENTAL

Contenido principal del artículo

Antonio José de Mattos Neto
Elida de Cássia Mamede da Costa

Resumen

Este artigo analisa as propostas de mudanças ao regime jurídico dos agrotóxicos contidas no Projeto de Lei n. 6.299/2002, mais conhecido como œProjeto do Veneno. O objetivo é fazer um cotejo entre a abordagem do Projeto de Lei e a regulação vigente dos agrotóxicos no Brasil, incluindo as respectivas previsões de responsabilidades dos sujeitos envolvidos com a produção e uso de agrotóxicos. Para elaborar a análise da situação, este trabalho empregou pesquisa teórica e qualitativa a partir de levantamento bibliográfico e da legislação referente a agrotóxicos, com método jurídico de raciocínio dedutivo. O resultado é a demonstração de que o Projeto de Lei número 6.299/2002 pretende facilitar todas as etapas “ desde o registro para fabricação até o uso “ a culminar numa aplicação excessiva de agrotóxicos nas lavouras, o que possibilita a ampliação de danos agroambientais. A conclusão é a necessidade de rejeição do Projeto de Lei n. 6.299/2002, por representar um retrocesso à proteção agroambiental, já que retira rigorosas restrições e, portanto, fomenta o uso indiscriminado de agrotóxicos.

Detalles del artículo

Sección
Artigos
Biografía del autor/a

Antonio José de Mattos Neto, UFPA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP)

Especialista em Direito Privado pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduado em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA)  Professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade da Amazónia (UNAMA), da Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado do Pará, da Escola Superior da Magistratura do TJE-Pará

Procurador da Fazenda Nacional aposentado.

Elida de Cássia Mamede da Costa, UFPA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Doutoranda e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA)

Graduada em Direito pela Universidade da Amazónia (UNAMA)

Professora da Faculdade Integrada Brasil Amazónia (FIBRA) e Escola Superior Madre Celestre (ESMAC)

Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ-PA)

Citas

ANTUNES, P. B. Dano ambiental: uma abordagem conceitual. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2002.

BRASIL. Lei n. 4.504 de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1964]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1981].BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Lei n. 7.802 de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a Pesquisa, a Experimentação, a Produção, a Embalagem e Rotulagem, o Transporte, o Armazenamento, a Comercialização, a Propaganda Comercial, a Utilização, a Importação, a Exportação, o Destino Final dos Resíduos e Embalagens, o Registro, a Classificação, o Controle, a Inspeção e a Fiscalização de Agrotóxicos, seus Componentes e Afins, e dá outras Providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1989]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7802.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 03, de 16 de janeiro de 1992. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 16 jan. 1992. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs1/1992/prt0003_16_01_1992.html. Acesso em: 23 out. 2019.

BRASIL. Lei n. 8.629 de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. Brasília, DF: Presidência da República, [1993]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8629.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Lei n. 9.294 de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. Brasília, DF, [1996a]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis. Portaria n. 84, de 15 de outubro de 1996. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 15 out. 1996b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/mma_ibama/1996/prt0084_15_10_1996.html. Acesso em: 23 out. 2019.

BRASIL. Decreto n. 4.074 de 4 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2002]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL, Superior Tribunal de Justiça (5. Turma). Habeas Corpus 115.650/SP. Ação penal. Crime contra as relações de consumo. Art. 7.º, inciso IX, da Lei n.º 8.137/90. Bem exposto ao comércio impróprio para consumo. Produto agrotóxico vencido. Laudo pericial dispensável, no caso. Ordem denegada. Impetrante: Marcelo Tadeu Neto. Impetrado: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Paciente: Altair Eduardo Cezine. Relatora: Ministra Laurita Vaz, 26 de outubro de 2010. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1016433&num_registro=200802036130&data=20101122&formato=PDF. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Projeto de Lei n. 6.299 de 2002. Altera os arts 3º e 9º da Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, [2018a]. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1654426. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2018b]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 26 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Agrotóxicos em alimentos. Brasília, DF: Anvisa. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/duvidas-sobre-agrotoxicos-em-alimentos. Acesso em: 10 nov. 2019.

CARLSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Global, 2010.

CARNEIRO, F. F. et al. (orgs.) Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. E-book (628 p.) Rio de Janeiro/São Paulo: EPSJV/Expressão Popular, 2015.

FERRARI, A. A praga da dominação. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.

FOLGADO, C. A. R. Sistema normativo de agrotóxicos: elementos de contextualização histórica e reflexão crítica. In: FOLGADO, C. A. R. (org.). Direito e agrotóxico: reflexões críticas sobre o sistema normativo. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2017. p. 5-53.

FÓRUM SOBRE AGROTÓXICOS, 2018, Belém. Belém: Ministério Público do Estado do Pará, 2018.

GOMES, T. R. D.; CARVALHO, C. O. D. ARAÚJO, A. G. Função social da propriedade e uso de agrotóxicos: caminhos inconciliáveis. In: FOLGADO, C. A. R. (org.). Direito e agrotóxico: reflexões críticas sobre o sistema normativo. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2017. cap. 6, p. 157-175.

LEITE, J. R. M. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. 2. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

LONDRES, F. Agrotóxicos no Brasil: um guia em defesa da vida. Rio de Janeiro: Rede Brasileira de Justiça Ambiental “ Articulação Nacional de Agroecologia, 2011. E-book. Disponível em: http://contraosagrotoxicos.org/sdm_downloads/agrotoxicos-no-brasil-um-guia-em-defesa-da-vida/. Acesso em: 18 dez. 2019.

MATTOS NETO, A. J. D. Curso de direito agroambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

MATTOS NETO, A. J. D. Estado de direito agroambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010.

MELGAREJO, L.; BARCELOS, J. R. O.; NODARI, R. O. Agrotóxicos e transgênicos: um olhar crítico-normativo sobre a CTNBio. In: FOLGADO, C. A. R. (org.). Direito e agrotóxico: reflexões críticas sobre o sistema normativo. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2017. p. 55-86.

MILARÉ, É. Direito do ambiente. 10. ed. rev., atual., ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

MORAIS, H. B. D; MELO, W. B. D. O princípio da função social da terra em matéria de agrotóxicos e suas consequências jurídicas. In: FOLGADO, C. A. R. (org.). Direito e agrotóxico: reflexões críticas sobre o sistema normativo. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2017. p. 177-202.

OLIVEIRA, F. Engenharia genética: o sétimo dia da criação. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2001.

O VENENO está na mesa. Fotografia e entrevistas: Aline Sasahara. Pesquisa e produção: Hélè Pailhous. Edição: Paulinho Sacramento e Kaio Almeida. Roteiro: Silvio Tendler. Narração: Caco Ciocler, Dira Paes, Amir Haddad e Julia Lemmertz. Trilha sonora: Lucas Marcier/Arpx. Produção executiva: Ana Rosa Tendler. Publicado pelo canal cine amazonia. 1 video (49min22seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg. Publicado em: 2 ago. 2011. Acesso em: 14 abr. 2019.

O VENENO ESTá na mesa 2: agroecologia para alimentar o mundo com sobrerania para alimentar os povos. Diretor: Silvio Tendler. Realização: Campanha Permanente contra os Agrotôxicos e pela Vida, Fiocruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venância, Bem Te Vi, Cineclube Crisantempo. 2014. 1 video (01h10min01seg). Publicado no canal Caliban Cinema e Conteúdo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4&feature=youtu.be. Publicado em: 24 abr. 2014. Acesso em: 14 abr. 2019.

PARACELSUS e os venenos. Agrolink Com Inf. De Assessoria, 27 ago. 2015. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/paracelsus-e-os-venenos_222572.html. Acesso em: 25 dez. 2018.

SANCHEZ, A. C. La reparación de los daños al medio ambiente. Pamplona: Aranzadi, 1996.

SIGNIFICADO de morbimortalidade. Significados, 27 jun. 2017. Disponível em: https://www.significados.com.br/morbimortalidade/. Acesso em: 24 fev. 2019.

SOUZA, L. C. Responsabilidade civil e agrotóxicos: análise dos danos à saúde no ambiente rural. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.

VAZ, P. A. B. O direito ambiental e os agrotóxicos: responsabilidade civil, penal e administrativa. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

VIANNA, J. R. A. Responsabilidade civil por danos ao meio ambiente à luz do novo Código Civil. Curitiba: Juruá, 2005.

VITAL, N. Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017.

ZELEDÓN, R. Z. Derecho agrario y derechos humanos. Curitiba: Juruá, 2002.