A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA ERA DIGITAL E SEU IMPACTO NO EQUILÍBRIO LABORAL-AMBIENTAL
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
Este artigo tem por escopo versar sobre o impacto da Indústria 4.0 no direito fundamental ao ambiente laboral equilibrado, o qual é imprescindível para salvaguardar a saúde e a segurança do trabalhador, bem como analisar como os Poderes Judiciário e Legislativo brasileiros têm enfrentado essa temática. Para tanto, adotou-se a pesquisa bibliográfica e utilizou-se do método dedutivo, buscando demonstrar as transformações ocorridas na seara laboral em razão das Revoluções Industriais. Posteriormente, abordou-se o capitalismo hipertardio brasileiro e como este foi (e vem sendo) sentido pela classe trabalhadora. Embora não se possa atribuir todas as mazelas do equilíbrio labor-ambiental ao surgimento da Indústria 4.0, o certo é que as inovações tecnológicas advindas desta última têm intensificado e acelerado em demasia o processo de precarização dos direitos fundamentais do trabalhador. A pesquisa possibilitou constatar que, embora o trabalho seja marcado por novas e sofisticadas formas relacionadas à incidência da tecnologia, estas não têm, em sua maioria, levado à melhoria das condições do ambiente laboral, em especial quanto à jornada, apontando que a jurisprudência e legislação ordinária brasileiras precisam considerar essa realidade para mostrarem-se adequadas às diretrizes constitucionais.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
Submeto (emos) o presente trabalho, texto original e inédito, de minha (nossa) autoria, à avaliação de Veredas do Direito - Revista de Direito, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Revista Veredas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou outro meio de divulgação impresso ou eletrônico, dissociado de Veredas do Direito, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto ao Editor-gerente. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado, o (s) autor (es) e empresas, instituições ou indivíduos.
Reconheço (Reconhecemos) ainda que Veredas está licenciada sob uma LICENÇA CREATIVE COMMONS:
Licença Creative Commons Attribution 3.0Referências
ALVARENGA, R. Z. Princípios fundamentais de direito ambiental do trabalho. In: FELICIANO, G. G. et al. (coord.). Direito ambiental do trabalho: apontamentos para uma teoria geral. São Paulo: LTr, 2017.
ANTUNES, R. A era da informatização e a época da informalização: riqueza e miséria do trabalho no Brasil. In: ANTUNES, R. Riqueza e miséria no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2006.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
ANTUNES, R. A nova morfologia do trabalho e suas principais tendências: informalidade, infoproletariado, (i)materialidade e valor. In: ANTUNES, R. (org.). Riqueza e miséria no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013.
ANTUNES, R. Qual é o futuro do trabalho na era digital? Laborare, Salvador, ano III, n. 4, p. 06-14, jan./jun. 2020. ISSN 2595-847X. Disponível em: https://trabalhodigno.org/laborare/index.php/laborare/article/view/46/29. Acesso em: 6 ago. 2020.
BARROS, A. M. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed., São Paulo: LTr, 2016.
BENJAMIN, A. H. Direito constitucional ambiental brasileiro. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; LEITE, J. R. M. (orgs.). Direito Constitucional Ambiental brasileiro. 5. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 83-154.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (Segunda Seção). Conflito de competência n. 164.544 “ MG (2019/0079952-0). Suscitante: Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Poços de Caldas “ MG. Suscitado: Juízo de Direito do Juizado Especial Cível de Poços de Caldas “ MG. Rel.: Min. Moura Ribeiro.
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho (Terceira Região). Processo n. 0011359-34.2016.5.03.0112. Autor: Rodrigo Leonardo Silva Ferreira. Réu: Uber do Brasil Tecnologia Ltda. Disponível em: https://pje-consulta.trt3.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/0011359-34.2016.5.03.0112. Acesso em: 15 jan. 2020.
CALIFÓRNIA. Assembly Bill n. 5. œUm ato para emendar a Seção 3351 e adicionar a Seção 2750.3 ao Código do Trabalho, e para alterar as Seções 606.5 e 621 do Código de Seguro-Desemprego, relativas ao emprego, e fazer uma apropriação para isso. Disponível em: https://leginfo.legislature.ca.gov/faces/billNavClient.xhtml?bill_id=201920200AB5. Acesso em: 09 jan. 2020.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei n. 5069/2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=D0FC876A4E4151FC7EA5EF2ED0C24419.proposicoesWebExterno2?codteor=1807738&filename=PL+5069/2019. Acesso em: 10 jan. 2020.
COSTA, A. M.; ALMEIDA, V. H. Meio ambiente do trabalho: uma abordagem propedêutica. In: FELICIANO, G. G. et al. (coord.). Direito Ambiental do Trabalho: apontamentos para uma teoria geral. São Paulo: LTr, 2017.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed., rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2017.
DIAS, V. O. O conteúdo essencial do direito fundamental à integridade psíquica no meio ambiente de trabalho na perspectiva do assédio moral organizacional. In: DELGADO, G. N. et al (coords.). Direito constitucional do trabalho: princípios e jurisdição constitucional do TST. São Paulo: LTR, 2015.
DRUCK, G. A precarização social do trabalho no Brasil: alguns indicadores. In: ANTUNES, R. (Org.). Riqueza e miséria no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013.
ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora em Inglaterra. Porto: Afrontamento, 1975.
EUA. Suprema Corte da Califórnia. Decisão Unânime. Caso da Dynamex Operations West, Inc. v. Tribunal Superior de Los Angeles (2018) 4 Cal.5th 903 (Dynamex). Disponível: https://cases.justia.com/california/supreme-court/2018-s222732.pdf?ts=1525107724. Acesso em: 6 jan. 2020.
FELICIANO, G. G.; PASQUALETO, O. Q. F. (Re)descobrindo o direito do trabalho: gig economy, uberização do trabalho e outras reflexões. In: FELICIANO, G. G.; MISKULIN, A. P. S. C. (coords.) Infoproletários e a uberização do trabalho: direito e justiça em um novo horizonte de possibilidades. São Paulo: LTr Editora, 2019. p. 13-20.
GUIMARÃES, P. S. A tecnologia aliada à construção do Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2016.
HAN, B.-C. Sociedade do cansaço. Petrópolis, Vozes, 2015.
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 17. ed. São Paulo: Loyola, 2008.
HUWS, U. The making of a cybertariat: virtual work in a real world. New York: Monthly Review Press, 2003.
KEMMELMEIER, C. S. Plataformas digitais de trabalho on demand e direito à saúde. In: FELICIANO, G. G.; MISKULIN, A. P. S. C. (coords.) Infoproletários e a uberização do trabalho: direito e justiça em um novo horizonte de possibilidades. São Paulo: LTr Editora, 2019. p. 95-105.
LEME, A. C. R. P. Da máquina à nuvem: caminhos para o acesso à justiça pela via de direitos dos motoristas da Uber. São Paulo: LTr, 2019.
MARANHÃO, N. Meio ambiente do trabalho: descrição jurídico-conceitual. Revista Direitos, Trabalho e Política Social, Cuiabá, v. 2, n. 3, p. 80-117, jul./dez. 2016.
MARTINEZ, L.; MALTEZ, M. O direito fundamental à proteção em face da automação. Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, SP, v. 43, n. 182, p. 21-59, out. 2017.
MELO, S. N. Teletrabalho, controle de jornada e direito à desconexão. Revista Ltr: Legislação do Trabalho, São Paulo, v. 81, n. 9, p. 1094-1099, set. 2017. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12178/123429. Acesso em: 11 jan. 2020.
OLIVEIRA, S. A qualidade da qualidade: uma perspectiva em saúde do trabalhador. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 625-634, out./dez. 1997. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csp/1997.v13n4/625-634/pt. Acesso em: 29 dez. 2019.
PADILHA, N. S. Meio ambiente do trabalho: o diálogo entre o direito do trabalho e o direito ambiental. In: FELICIANO, G. G. et al. (Coord.). Direito ambiental do trabalho: apontamentos para uma teoria geral. São Paulo: LTr, 2015.
PILEGIS, O. R. Saúde mental e trabalho em plataformas uber: precarização e desproteção. In: FELICIANO, G. G.; MISKULIN, A. P. S. C. (coords.) Infoproletários e a uberização do trabalho: direito e justiça em um novo horizonte de possibilidades. São Paulo: LTr, 2019. p. 106-117.
PINTO, G. A. Gestão global e flexível: trabalho local e adoecido. In: ANTUNES, R. (org.). Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013.
PRASSL, J. Human as a service: the promisse and perils of work in the gig economy. Oxford: Oxford University Press, 2018.
SARLET, I. W.; GOLDSCHMID, R. A assim chamada abertura material do catálogo de direitos fundamentais: uma proposta de aplicação às relações de trabalho no Brasil. Revista de Direitos Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 17, n. 17, p. 25-42, jan./jun. 2015.
SARLET, I. W. Os direitos fundamentais sociais na Constituição de 1988. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, v. 1, n. 1, 2001.
SELIGMANN-SILVA, E. Psicopatologia no trabalho: aspectos contemporâneos. In: FERREIRA, J. J.; PENIDO, L. O. (coords.). Saúde mental no trabalho: coletânea do fórum de saúde e segurança no trabalho do Estado de Goiás. Goiânia: Cir Gráfica, 2013. p. 209-238.
SENADO FEDERAL. Projeto de Lei n. 3512/2020. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/143001. Acesso em: 2 ago. 2020.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
SCHWAB, K. A quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
SUPIOT, A. Por uma reforma digna do nome. E se refundarmos a legislação trabalhista?. Le Mond Diplomatique, 4 out. 2017. Disponível em: https://diplomatique.org.br/reforma-trabalhista-na-franca-e-se-refundarmos-a-legislacao/. Acesso em: 14 jan. 2020.
TEODORO, M. C. M.; D™AFONSECA, T. C.; ANTONIETA, M. Disrupção, economia compartilhada e o fenômeno Uber. Revista da Faculdade Mineira de Direito “ PUC Minas, Belo Horizonte, v. 20, n. 39, 2017.