A FRAGMENTAÇÃO JURÍDICA E O DIREITO AMBIENTAL GLOBAL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Leandro Caletti
Márcio Ricardo Staffen

Resumo

O presente relato de pesquisa científica ostenta o objetivo geral de contextualizar a emergência de um Direito Global Ambiental no cenário de fragmentação jurídica entre normas de Direito e não-Direito. Especificamente, apresenta outros três objetivos, a saber: (1) examinar o processo de fragmentação jurídica ocasionado pela globalização e pelo transnacionalismo; (2) identificar as matrizes de Direito e de não-Direito; e, (3) delimitar, nesse pano de fundo, o espaço de um pretenso Direito Ambiental Global. A título de problema de pesquisa, formulou-se a seguinte indagação: há espaço, no fenômeno jurídico fragmentado, para a emergência de um direito global de índole ambiental? A hipótese aventada como positiva se confirmou nas considerações finais, mormente se valendo de expedientes de soft law e autorregulação regulada.  Para tanto, o estudo se valeu do método dedutivo e da pesquisa bibliográfica, da categoria e do conceito operacional como técnicas de pesquisa.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Seção
Artigos
Biografia do Autor

Leandro Caletti, Faculdade Meridional - IMED

Mestre em Direito pela Faculdade Meridional (IMED). Professor da Escola de Direito (graduação) da IMED. Professor do Programa de Pós-graduação lato sensu em Direito da IMED. Membro dos grupos de pesquisas “Transnacionalismo e Circulação de Modelos Jurídicos”, “Ética, Cidadania e Sustentabilidade” e “Direitos Culturais e Pluralismo Jurídico”, vinculados ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Direito da IMED. Advogado (OAB/RS).

Márcio Ricardo Staffen, Faculdade Meridional - IMED

Doutor em Direito Público pela Università degli Studi di Perugia (Itália). Doutor e mestre em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Estágio de pós-doutorado em Direito na Università degli Studi di Perugia (Bolsa CAPES/PDE 88881.120155/2016.1). Graduado em Direito pela Univali. Pesquisador do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Professor Permanente do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Direito na IMED. Coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (2014-2018). Visiting Researcher no Max Planck Institute for Comparative Public Law and International Law - Heidelberg (Alemanha). Doutor Honoris Causa pela Universidad Antonio Guillermo Urrelo (Peru). Professor Honorário da Faculdade de Direito e Ciências Sociais da Universidad Inca Garcilaso de la Vega (Peru). Professor nos cursos de especializações na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Universidade Franciscana (UNIFRA) e Faculdade Meridional (IMED). Advogado (OAB/SC). Membro da Comissão de Direitos Humanos (OAB/SC). Realizou cursos junto à Universidade Federal de Santa Catarina, Università degli Studi di Perugia, Università Roma Trè, Università degli Studi di Camerino, Universidad de Alicante e Universidade Karlova IV (Praga). Membro da Comisión de Derechos Humanos del Estado de México (México). Membro do Comite da Escuela de Formación de Auxiliares Jurisdiccionales de la Corte Superior de Justicia del Callao (Peru). Membro Honorário do Ilustre Colegio de Abogados de Ancash (Peru). Membro efetivo da Sociedade Literária São Bento. Membro do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito - CONPEDI. Líder do Grupo de Pesquisa Transnacionalismo e Circulação de Modelos Jurídicos (PPGD-IMED)

Referências

ANDRADE, Priscila Pereira de. A emergência do direito transnacional ambiental. Revista de Direito Internacional, Brasília, v. 13, n. 3, p. 17-28, 2013.

ARCHIBUGI, Daniele. The global commonwealth of citizens: toward cosmopolitan democracy. Princeton: Princeton University Press, 2008.

ARNAUD, André-Jean. Governar sem fronteiras: entre globalização e pós-globalização. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

ARNAUD, André-Jean. Prefácio. In: ARNAUD, André-Jean; JUNQUEIRA, Eliane Botelho (Org.). Dicionário da Globalização: Direito – Ciência Política. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Conheça a ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>. Acesso em: 16 out. 2016.

BACKER, Larry Catá. Globalização Econômica e Crise do Estado: Um estudo em quatro perspectivas. Tradução: Carolina Munhoz e Welber Barral. Revista Seqüência, Florianópolis, n. 51, p. 255-276, jan. 2005.

BERNARDI, Alessandro. Soft law e diritto penale: antinomie, convergenze, intersezioni. In: SOMMA, Alessandro. Soft law e hard law nelle società postmoderne. Torino: Giappichelli, 2009.

BECK, Ulrich. O que é globalização? Equívocos do Globalismo: respostas à Globalização. Tradução: André Carone. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

BIN, Roberto. Soft law, no law. In: SOMMA, Alessandro. Soft law e hard law nelle società postmoderne. Torino: Giappichelli, 2009.

BOLSA DE VALORES, MERCADORIAS E FUTUROS. Diretrizes de governança corporativa. Disponível em: <http://ri.bmfbovespa.com.br/fck_temp/26_2//Diretrizes_de_Governanca_Corporativa_da_BMFBOVESPA.pdf>. Acesso em: 16 out. 2016.

BÜTHE, Tim; MATTLI, Walter. The new global rulers. Princeton: Princeton University Press, 2011.

CATANIA, Alfonso. Metamorfosi del diritto. Decisione e norma nell’età globale. Roma-Brai: Laterza, 2010.

COTTERRELL, Roger. What is transnational law? Law & Social Inquiry – Queen Mary University of London, London, n. 2, p. 340-372, 2012.

CRUZ, Paulo Márcio; BODNAR, Zenildo. A transnacionalidade e a emergência do Estado e do Direito transnacionais. In: STELZER, Joana; CRUZ, Paulo Márcio (Org.). Direito e Transnacionalidade. Curitiba: Juruá, 2009.

DERNACULLETA I GARDELLA, Maria Mercè. Autorregulación y derecho público: la autorregulación regulada. Barcelona: Marcial Pons, 2005.

DI ROBILLANT, Anna. Genealogies of soft law. American Journal of Comparative Law, v. 54, 2006.

EURACTIV. Parliament committee says palm oil biofuels usage should end by 2020. 2017. Disponível em: <https://www.euractiv.com/section/agriculture-food/news/parliament-committee-says-palm-oil-biofuels-usage-should-end-by-2020/>. Acesso em: 22 mar. 2017.

GATTO, Alexandra. Multinational enterprises and Human Rights: obligations under EU law and international law. Cheltenham (Reino Unido): Edward Elgar Publishing Limited, 2011.

FERRARESE, Maria Rosaria. Le istituzioni della globalizzazione. Bolonha: Il Mulino, 2000.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução: Raul Fiker. São Paulo: Editora UNESP, 1991.

GROSSI, Paolo. L’ordine giuridico medievale. Bari-Roma: Laterza, 2017.

GROSSI, Paolo. Mitologias jurídicas da modernidade. 2. ed. rev. e ampl. Tradução: Arno Dal Ri Júnior. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007.

HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional. Tradução: Márcio Seligmann-Silva. São Paulo: Littera Mundi, 2001.

HALE, Tom; HELD, David. Editor’s introduction: mapping changes in transnational governance. In: HALE, Tom; HELD, David. Handbook of transnational governance. London: Polity Press, 2011.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. About ISO. Disponível em: <http://www.iso.org/iso/home/about.htm>. Acesso em: 13 out. 2016.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 14.000. Disponível em: <https://www.iso.org/iso-14001-environmental-management.html>. Acesso em: 13 out. 2016.

KIRTON, John; TREBILCOCK, Michael. Hard choices, soft law: voluntary standards in global trade, environment and social governance. Aldershot: Ashgate, 2004.

KOERNER, Andrei. Direito. In: In: ARNAUD, André-Jean; JUNQUEIRA, Eliane Botelho (Org.). Dicionário da Globalização: Direito – Ciência Política. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

KOH, Harold Hongju. Transnational public law litigation. Yale Law Journal, v. 100, p. 2347-2402, 1991.

KUHN. Thomas S. A Estrutura das revoluções científicas. 3. ed. Tradução: Beatriz Vianna e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 1994.

LAMBERT, Hélène. Transnational law, judges and refugees in the European Union. In: GOODWIN-GILL, Guy S.; LAMBERT, Hélène. The limits of transnational law: refugee law, policy harmonization and judicial dialogue in the European Union. New York: Cambridge University Press, 2010.

LUHMANN, Niklas. Sistemi sociali. Fundamenti di una teoria generale. Tradução: Alberto Febbrajo e Reinhard Schimidt. Bologna: Il Mulino, 1990.

LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.

MCGREW, Anthony. Globalization and territorial democracy: an introduction. In: MCGREW, Anthony (Ed.). The transformation of democracy? Cambridge: Polity Press, 1997.

MERRY, Sally Engle. Legal pluralism. Law & Society Review, Beverly Hills, n. 22, p. 869-901, 1988.

MOREIRA, Vital. Auto-regulação profissional e administração pública. Coimbra: Almedina, 1997.

MOSTACCI, Edmondo. La soft law nel sistema delle fonti: uno studio comparato. Padova: CEDAM, 2008.

NYE, Joseph S. Soft Power: The Means to Success in World Politics. New York, Public Affairs, 2004.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Países-Membros da ONU. 2016. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca/paises-membros/>. Acesso em: 16 out. 2016.

OST, François. Contar a lei: as fontes do imaginário jurídico. Tradução: Paulo Neves. São Leopoldo (RS): Editora Unisinos, 2004.

PAIXÃO, Liziane; BERTOLDI, Márcia Rodrigues. A importância do soft law na evolução do direito internacional. Revista do Instituto de Direito Brasileiro, Lisboa, v. 1, n. 10, p. 6265-6289, 2012.

PARDO, José Esteve. Prólogo. DERNACULLETA I GARDELLA, Maria Mercè. Autorregulación y derecho público: la autorregulación regulada. Barcelona: Marcial Pons, 2005.

PEROSA, Bruno. A emergência da governança socioambiental no mercado internacional de biocombustíveis. Tese (Doutorado) – Fundação Getúlio Vargas (FGV), São Paulo, 2012.

SHORE, Cris. Audit culture and illiberal governance: universities and the politics of accountability. Anthropological Theory, v. 8, n. 3, 2008.

SNYDER, Francis. Soft law e prassi istituzionale nella comunità europea. Sociologia dei diritto, 1993.

STAFFEN, Márcio Ricardo. Direito global: humanismo e direitos humanos. Revista do Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília, Brasília, v. 10, n. 1, p. 178-208, jan./jun. 2016.

STAFFEN, Márcio Ricardo. Interfaces do direito global. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015.

STELZER, Joana. O fenômeno da transnacionalização da dimensão jurídica. In: STELZER, Joana; CRUZ, Paulo Márcio (Org.). Direito e Transnacionalidade. Curitiba: Juruá, 2009, p. 15-54.

STIGLITZ, Joseph E. Globalização: como dar certo. Tradução: Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

TAYLOR, Charles. Invocar a sociedade civil. In: TAYLOR, Charles. Argumentos filosóficos. Tradução: Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Loyola, 2000.

TEIXEIRA, Anderson Vichinkeski; KÖCHE, Rafael. Um direito sem estado? Direitos humanos e a formação de um novo quadro normativo global. Revista de Direito Internacional, Brasília, v. 10, n. 2, p. 86-100, 2013.

TEUBNER, Gunther. As duas faces de Janus: pluralismo jurídico na sociedade pós-moderna. In: TEUBNER, Gunther (Org.). Direito, sociedade e policontexturalidade. Tradução: Bruna Vieira de Vicenzi. Piracicaba (SP): Unimep, 2005.

TEUBNER, Gunther. Constitutional fragments. Oxford: Oxford University Press, 2012.

TEUBNER, Gunther. Direito, sociedade e policontexturalidade. Tradução: Bruna Vieira de Vicenzi. Piracicaba (SP): Unimep, 2005.

UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2001/18 do Parlamento e do Conselho. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM%3Al28130>. Acesso em: 16 mai. 2017.

UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2009/28 do Conselho. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX:32009L0028>. Acesso em: 16 mai. 2017.

UNITED STATES OF AMERICA. United States Court of Appeals for the Ninth Circuit. Doe vs. UNOCAL. Disponível em: <http://openjurist.org/395/f3d/932>. Acesso em 20 set. 2015>. Acesso em 20 set. 2015.

VARELLA, Marcelo D. Internacionalização do direito: direito internacional, globalização e complexidade. Tese apresentada para obtenção de livre-docência junto à Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito. São Paulo, 2012.

VEIGA, João Paulo Cândia; RODRIGUES, Pietro Carlos. Arenas transnacionais, políticas públicas e meio ambiente: o caso da palma na Amazônia, São Paulo, Revista Ambiente & Sociedade, v. XIX, n. 4, out.-dez. 2016.

VILLARY, Michel. La pensée juridique. Paris: LGDJ, 1960.

ZAGREBELSKY, Gustavo. Il sistema costituzionale delle fonti del diritto. Torino, Giappichelli, 1984.

ZERILLI, Filippo M. The rule of soft law: an introduction. Focaal - Journal of Global and Historical Anthropology, n. 56, 2010.