SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO

Main Article Content

Danielle Mendes Thame Denny

Abstract

A preocupação socioambiental está prevista em vários acordos firmados na Organização Mundial do Comércio. Contudo a sua implementação na atualidade para coibir o dumping socioambiental por exemplo é um desafio. Essas barreiras são muitas vezes internas, ou seja, tradicionalmente submetidas à soberania dos estados membros e, portanto, de fora do âmbito de abrangência do multilateralismo da OMC. Contudo há casos que devem ser apontados como indicativos de mudança e a temática socioambiental foi objeto de diversos painéis do órgão de solução de controvérsias, a articulação de discussões temáticas e a participação de outros agentes além dos Estados nacionais, ainda que de forma indireta indicam mudanças. O artigo analisa a prática das barreiras técnicas e regulatórias, faz um resumo de alguns casos que foram objeto de decisão no Órgão de Solução de Controvérsias, discorre a respeito dos padrões de sustentabilidade voluntários e obrigatórios e termina com a constatação de que a participação da sociedade tem se dado de forma indireta, via estudos, consultorias e participação via amicus curiae. A abordagem foi qualitativa para descrever alguns casos de exemplificativos para fundamentar a possível constatação aqui trazida de que a OMC enfrenta o desafio estrutural de inserir preocupações socioambientais na sua forma de interpretação e na aplicação de suas regras e para tanto esforços precisam ser feitos para o aumento de sua legitimidade para lidar com questões transdisciplinares.

Article Details

Section
Articles
Author Biography

Danielle Mendes Thame Denny, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA)

Pós-doutoranda na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de Sao Paulo (USP). Doutora em Direito pela Universidade Católica de Santos (UNISANTOS). Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).

References

ABNT “ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT ISO 1400:2015. Rio de Janeiro: ABNT, 2017. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 1 jun. 2018.

BALDWIN, R. The great convergence information technology and the new globalization. Cambridge: Belknap Press, 2016.

BENJAMIN, D. (Ed.). O sistema de solução de controvérsias da OMC: uma perspectiva brasileira. Brasília, DF: Fundação Alexandre de Gusmão, 2013.

BERNASCONI-OSTERWALDER, N. et al. Environment and trade a guide to WTO jurisprudence. London: Routledge, 2012. Disponível em: <https://www.taylorfrancis.com/books/9781849771153>. Acesso em: 2 ago. 2019.

CIEL “ CENTER FOR INTERNATIONAL ENVIRONMENTAL LAW. We reject Brazil becoming a garbage dump for the European Union FBOMS. Washington, DC: CIEL, 2006. Disponível em: <http://fboms.aspoan.org/wp-content/uploads/2013/03/menu_msn.asp?idioma=>. Acesso em: 16 ago. 2019.

COLUMBU, F. Dumping social e relações laborais. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 978/2017, p. 143-169, 2017.

DENNY, D. M. T.; CASTRO, D.; YAN, E. M. Agenda 2030 measurements and finance. Interaction of International Investment Law and Sustainability. Veredas do Direito “ Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Belo Horizonte, v. 14, n. 30, p. 53-76, 2017.

DENNY, D. M. T.; GRANZIERA, M. L. M. Reflexões jurídicas sobre custos ambientais no incremento da exploração dos hidrocarbonetos não convencionais. Conpedi Law Review, Madri, v. 1, n. 12, p. 241-262, 2016.

DENNY, D. M. T.; JULIÃO, R. F. Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário. Revista de Direito Brasileira, Brasília, v. 16, n. 7, p. 211“224, 2017.

DENNY, D. M. T.; PAULO, R. F.; CASTRO, D. Blockchain e a Agenda 2030. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 7, n. 3, 2018. Disponível em: <https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/4938>. Acesso em: 15 fev. 2018.

FARIAS, V. C.; REI, F. Reflexos jurídicos da governança global subnacional: a paradiplomacia e o direito internacional: desafio ou acomodação. Revista de Direito Internacional (Brazilian Journal of International Law), Brasília, v. 13, n. 1, 2016. Disponível em: <https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/rdi/article/view/3642>. Acesso em: 31 maio 2017.

HALL, P. A.; TAYLOR, R. C. R. Political science and the three new institutionalisms. Political Studies, Cambridge, v. 44, n. 5, p. 936-957, 1996.

HALLIDAY, T. C.; SHAFFER, G. (Eds.). Transnational Legal Orders. New York: Cambridge University Press, 2015.

HENSON, S.; HUMPHREY, J. Understanding the Complexities of Private Standards in Global Agri-Food Chains as They Impact Developing Countries. The Journal of Development Studies, London, v. 46, n. 9, p. 1628“1646, 2010.

INMETRO “ INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Manual de barreiras técnicas. Rio de Janeiro: Inmetro, 2017. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/PDF/Manual_BarrTec2014.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2018.

ISO “ INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Introduction to ISO 14001:2015. Genève. Disponível em: <https://www.iso.org/files/live/sites/isoorg/files/archive/pdf/en/introduction_to_iso_14001.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2018.

JÚNIOR, A. A. Comércio internacional e a proteção do meio ambiente. São Paulo: Atlas, 2011.

LAGOMARSINO, J. WTO dispute settlement and sustainable development: legitimacy through holistic treaty interpretation. Pace Environmental Law Review, Nova York v. 28, p. 545, 2010.

MARTIN-CHENUT, K. et al. O caso do amianto. The case of asbestos. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo , n. 98, p. 141“170, 2016.

MENEZES, W. et al. Tribunais Internacionais: extensão e limites da sua jurisdição. Belo Horizonte: Arraes, 2018.

MENEZES, W. et al. Relatórios de jurisprudência NETI-USP. São Paulo: No prelo.

INCLUSIVE TRADE FORUM, 16, 2016, Genève. Anais [¦] Genève: WTO. Disponível em: <https://www.wto.org/english/forums_e/public_forum16_e/public_forum16_e.htm>. Acesso em: 1 jun. 2017.

PIACENTE, F. J. Agroindústria canavieira e o sistema de gestão ambiental: o caso das usinas localizadas nas Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Dissertação (Mestrado) “ Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/286129/1/Piacente_FabricioJose_M.pdf>. Acesso em: 31 maio 2018.

PIFFER, C. Comércio internacional e meio ambiente a OMC como locus de governança ambiental. Veredas do Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Belo Horizonte , v. 8, n. 15, 2011. Disponível em: <http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/161>. Acesso em: 2 ago. 2019.

PNUMA “ PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Economia verde “ caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza: síntese para tomadores de decisão. Nairobi: UNEP, 2011. Disponível em: <https://www.unep.org/greeneconomy/sites/unep.org.greeneconomy/files/field/image/green_economy_full_report_pt.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2017.

ROSA, I. F.; CESAR, F. I.; MAKIYA, I. K. Cenário atual do comércio internacional do etanol brasileiro. Uma análise do ambiente da logística dos biocombustíveis. Interciência, Caracas; Santiago, v. 43, n. 4, 2018. Disponível em: <https://www.interciencia.net/wp-content/uploads/2018/05/228-5740-MAKIYA-43-04.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2018.

RUGGIE, J. G. The social construction of the UN guiding principles on business and human rights: Corporate Responsibility Initiative Working Paper No. 67. Cambridge: John F. Kennedy School of Government, 2017. Disponível em: <https://www.hks.harvard.edu/sites/default/files/centers/mrcbg/programs/cri/files/workingpaper_67_0.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.

RUGGIE, J. G. International regimes, transactions, and change: embedded liberalism in the postwar economic order. International Organization, Cambridge, v. 36, n. 2, p. 379-415, 1982.

SAVIO, A. M. S. O caso dos pneus perante a OMC e o Mercosul. Universitas: Relações Internacionais, Brasília, v. 9, n. 1, 2011. Disponível em: <https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/relacoesinternacionais/article/view/1361>. Acesso em: 15 mar. 2019.

THORSTENSEN, V. H.; VIEIRA, A. C. Private standards or market standards: in search for legitimacy and accountability in the international trading system. São Paulo: FGV, 2015. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/16370>. Acesso em: 11 jun. 2017.

THORSTENSEN, V.; MESQUITA, A. Coerência, convergência e cooperação regulatória nos capítulos de barreiras técnicas ao comércio e medidas sanitárias e fitossanitárias do Acordo Transpacífico. Brasília, DF: IPEA, 2016. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28762&catid=390&Itemid=406>. Acesso em: 12 jun. 2017.

UN “ UNITED NATIONS. Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development, 2015. Disponível em: <http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/70/1&Lang=E>. Acesso em: 12 jun. 2017.

UNFSS “ UN FORUM ON SUSTAINABILITY STANDARDS. POLICY BRIEF: Fostering the Sustainability of Global Value Chains (GVCs)UNFSS, 2017. Disponível em: <https://unfss.org/2017/04/11/fostering-the-sustainability-of-global-value-chains-gvcs/>. Acesso em: 11 jun. 2017.

VIEIRA, A. C. Free trade and environmental protection are wholly compatible concepts, fully embraced by the concept of sustainable development. Cambridge. [Manuscrito não publicado].

VIEIRA, A. C. et al. Estudos sobre Direito Econômico Internacional e meio ambiente. São Paulo: Torto & Direito, 2016.

VIEIRA, A. C.; THORSTENSEN, V. H. Regulatory barriers to trade: TBT, SPS and sustainability standards. São Paulo: VT Assessoria Consultoria e Treinamento, 2016. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/17663>. Acesso em: 11 jun. 2017.

VINUALES, J. E. Foreign Investment and the Environment in International Law: The Current State of Play. Rochester: SSRN, 2015. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/abstract=2661970>. Acesso em: 12 jun. 2017.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION. GATT 1994 “ General Agreement on Tariffs and Trade. The General Agreement on Tariffs and Trade 1994 (œGATT 1994). 1994a. Disponível em: https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/gatt47_e.pdf Acesso em: 12 jun. 2017.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION. WTO | legal texts “ Marrakesh agreement “ Agreement on Agriculture. 1994b. Disponível em: <https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/14-ag_01_e.htm>. Acesso em: 2 ago. 2019.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION. Sanitary and Phytosanitary Measures “ text of the agreement15 abr. 1994c. Disponível em: <https://www.wto.org/english/tratop_e/sps_e/spsagr_e.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION. WTO | intellectual property (TRIPS) “ agreement text. 1994d. Disponível em: <https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/31bis_trips_01_e.htm>. Acesso em: 2 ago. 2019.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION. Agreement on Technical Barriers to Trade15 abr. 1994e. Disponível em: <https://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/17-tbt_e.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.

WTO “ WORLD TRADE ORGANIZATION; UIBE “ UNIVERSITY OF INTERNATIONAL BUSINESS AND ECONOMICS; OECD “ ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Global Value Chain Development Report 2019: technological innovation, supply chain trade, and workers in a globalized world. Genève: WTO, 2019. Disponível em: <https://www.wto-ilibrary.org/information-technology-and-e-commerce/global-value-chain-development-report-2019_6b9727ab-en>. Acesso em: 12 ago. 2019.